Tour Down Under em 15 minutos

Tour Down Under

O Tour Down Under foi muito proveitoso, mas acabou rápido demais. Eu gosto muito dele, é literalmente a única corrida pela qual eu fico acordado para ver. Mas também é a mesma corrida que posso acordar faltando 15 minutos para a chegada, pela previsibilidade. Este ano não foi exceção. Quando teremos mais?

Tour Down Under e sua previsibilidade

Você nunca consegue escolher o vencedor com confiança, mas você pode escrever o resumo do dia. Uma fuga se destaca, um ciclista da equipe australiana tentará conquistar os pontos de montanha. Tudo isso antes que o pelotão se reagrupe. A etapa termina em um sprint, seja ele um sprint em grupo ou em subida. Variação? Bem, a subida Corkscrew road tem sido emocionante pelos movimentos. Mas chegando a 6km do final, ainda se trata do desfecho final. O mesmo ocorreu com a Fox Creek road este ano, que foi emocionante. Todavia, novamente com a ação reservada para os últimos quinze minutos. Chegadas em sprint são boas, o trem de embalada da BORA foi impressionante. Foi emocionante ver Isaac Del Toro conquistar uma vitória. Mas ocasionalmente seria empolgante se uma fuga parecesse que poderia se manter.

É muito raro uma fuga longa chegar ao final. Olhando para o passado, temos a fuga de 140km de Will Clarke em 2012. Mais recentemente, Jay Vine conseguiu quebrar o pelotão em 2023. Criando uma fuga a 22km da meta em Victor Harbor. Ver uma vitória de etapa acontecer com mais de dez minutos para o final é raro. 

Para os australianos orgulhosos que podem interpretar isso como uma crítica à corrida, é em parte verdade. Faço essa crítica porque eu gostaria de ver mais emoção. É como um cliente dizendo que a comida é boa, mas as porções são pequenas. Me dê um banquete, me faça adiar saídas para assistir mais do Tour Down Under. Passar horas admirando com inveja a paisagem do sul da Austrália.

E quanto a Milan-Sanremo e todas as outras corridas?

Comparar com outras corridas não torna o Tour Down Under melhor. Mas, é claro, existem outras corridas previsíveis. Para antecipar comentários, sim, os australianos poderiam ajustar seus despertadores para o Poggio e assistir bastante. Mas, certamente não haveria  a mesma injeção de adrenalina. Claro, pode haver dias em grandes voltas que são muito previsíveis. O ponto é que existem outros dias com ação e emoção do início ao fim. Infelizmente só temos uma Flèche Wallonne por ano.

O TDU já foi um training-camp glorificado, onde ciclistas pedalavam ao sol durante o dia. Durante a noite se banhavam, mas esses dias se foram. Se percebe a mudança ao ver os ciclistas lutando por posições. O esporte também mudou, todo começam a temporada pronto para correr e acumular pontos para o ranking. Movimentos de longo alcance acontecem também no início da temporada. Como a vitória de Neilson Powless no GP La Maseillase em janeiro passado. Ele entrou na fuga com 1h para final e passou os últimos 10m da etapa sozinho escapado.

Mais fácil dizer do que fazer

Então o que fazer? O pelotão não pode conspirar para fornecer um espetáculo e criar suspense. Mas o percurso pode ajudar. Uma montanha no meio da etapa poderia despedaçar a corrida, mas não há nenhuma. Mais escaladas foram tentadas, mas em voltas em Willunga ou Lofty não dividiram a corrida. Isso apenas tornou o sprint final mais seletivo, e isso é bom. Significa que o vencedor geral satisfaz como melhor ciclista. Mas ainda é ação para os últimos seis minutos. Um estágio mais longo poderia ser testado, a distância aumentada, digamos, 180km em um dia. Isso poderia mexer com a mente e as pernas e quebrar o padrão psicológico, roteiro estabelecido. Mas não é nada certo.

Olhando para outra direção, o prólogo foi uma inovação no ano passado. A corrida não pode ter uma etapa de contrarrelógio, a logística é muito complicada. Isso até explica por que algumas corridas têm apenas contrarrelógios com bicicletas de estrada. Além disso, não é uma transmissão envolvente na TV. Visto que as etapas de contrarrelógio raramente são bem-sucedidas em termos de audiência.

Tour Down Under GRVL?

Tour Down Under - Gravel

Talvez uma etapa gravel poderia apimentar as coisas e aumentar os números de audiência. Isso é viável também, considerando que as colinas de Adelaide oferecem várias rotas gravel. De fato, o TDU deste ano teve sua própria pedalada gravel, um evento teste para o futuro?. Coisas assim já aconteceram em outras corridas antes. A Strade Bianche tentou o Giro d’Italia a incluir etapas de gravel. O Tour de France Femmes foi para Troyes em 2022 para uma etapa de gravel. A corrida masculina tendo uma etapa de gravel no verão seguinte. No entanto, como uma etapa de contrarrelógio, existe um problema logístico. Pode significar trazer mais rodas e até mesmo bicicletas para gravel. Já que os fabricantes podem exigir que seus ciclistas usem os modelos apropriados. Portanto, não é fácil também. Mas assim como um prólogo de contrarrelógio acontece apenas com bicicletas de estrada. Talvez algumas seções gravel poderiam ser incluídas. Colocá-las a 40km do final e a última hora poderia ser cativante. Mesmo que sejam seções mais suaves, o aspecto de “qualquer coisa pode acontecer”poderia atrair mais espectadores.

Conclusão sobre o Tour Down Under e corridas previsíveis

Eu quero mais do TDU, não menos. Já estou muito contente em ficar acordado para ver um a corrida. Um pelotão brilhante em meio aos vinhedos de Adelaide. Mas o problema é que eu poderia dormir e acordar nos últimos 15 minutos de corrida. Isso tudo sabendo que não teria perdido nada. Acredito eu que os espectadores da Austrália também não fiquem acompanhando por horas.

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GiroCiclista

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